terça-feira, 25 de outubro de 2011

25.10.11



Por um instante senti o vento sussurrar minha janela, me obrigando a abri-la, ele soprou meu rosto em sua maior intensidade, em sua maior natureza. O aroma invadiu minhas narinas, que em segundos, identificou o aroma e me mostrou todas as cenas onde ele se mostrava, onde só você existia. O frio percorre meu quarto, varrendo cada milimetro dele e abandonando o odor inconfundível transcrito de meu passado. A nuvem acinzentada que sempre acompanha minhas lembranças, encobre minhas lágrimas, como se quisesse guardar em meio a sua grande coleção. Aquelas que estão a tanto tempo em mim, hoje caem no chão como se fossem ouro, com um timbre inconfundível de cristais sobre o piso frio.
O coração dispara quando a noite fria invade meu quarto, e em poucos segundos, me sinto tomada por um turbilhão de sensações indecifráveis, sentimentos guardados por uma vida toda. Com a lua me iluminando ainda em pé de frente pra janela, percebo que a nuvem já partiu, levando com ela, todas as lagrimas que precisavam sair. Os olhos ainda ardem, mas não sentem necessidade de desmoronar. Um embrulho no estomago se forma, com um nó estrangulador sobre ele, e percebo que esse noite, irei dormir com ele.
Procuro na gaveta, ainda sem sair de frente da janela, o meu refúgio. O caderno e a caneta, sempre juntos. Ali, escrevo minhas palavras para Deus, ele conseguiu trazer teu anjo até mim, e retirar cada gotícula cristalizada de dor que ainda existia. Dobro o papel, e o deixo na janela, para que seja entregue pelo meu anjo, e eu possa dormir em paz.